José Luiz Ratton, da Universidade Federal de Pernambuco, mostra em Debate do CCHLA, que conhecimento científico ajuda a combater a violência urbana
Muita gente ficou de fora da sala 402 do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) na concorrida conferência “Violência, Cultura e Direitos Humanos”, apresentada por José Luiz Ratton, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Criminalidade, Violência e Políticas Públicas de Segurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Quem participou ouviu, por mais de uma hora, um resumo de algo que até bem pouco tempo parecia pouco provável: aplicar os conhecimentos da sociologia, antropologia, economia e outras ciências na implantação de uma política pública de segurança.
Segundo o professor José Luiz Ratton, isso não só é possível, como dá resultado. “Quando implantamos o Pacto pela Vida em Pernambuco, tínhamos a meta de reduzir em 12% o número de homicídios violentos no Estado. Só pra se ter uma idéia, em 2006 essa estatística passava das quatro mil mortes ao ano. Não só alcançamos nosso objetivo, como ultrapassamos essa meta”, revelou o cientista social para uma platéia formada por alunos e professores que participam do IX CCHLA Conhecimento em Debate. O evento começou na segunda-feira, 22, e vai até quinta-feira, 26, no campus I, em João Pessoa.
Para elaborar o Plano Estadual de Segurança Pública (PESP-PE 2007), o governo de Pernambuco precisou de ajuda. Por isso, criou uma articulação permanente com o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Assembléia Legislativa, os municípios e a União. Juntos, traçaram o perfil da violência no Estado. “A partir daí, foram definidos 138 projetos estruturadores e permanentes de prevenção e controle da criminalidade, produzidos pelas câmaras técnicas, aglutinados em torno das linhas de ação e executados por organizações do Estado e da Sociedade”, afirmou o professor.
José Luiz Ratton acredita que a discussão sobre a violência ainda é nova no país. “Prova disso é que a I Conferência Nacional de Segurança Pública só foi realizada o ano passado. A universidade e a sociedade em geral deixaram de lado essa discussão. Só agora compreenderam que é preciso mudanças nessa área” comentou. E não são poucas mudanças.
“A oferta de emprego isolada, por exemplo, não surte o efeito esperado. É ingenuidade pensar que o Bolsa Família previne crimes. Também são necessárias ações para aquelas pessoas que cumpriram penas e hoje devem regressar à sociedade. Além disso, não existe sociedade democrática sem polícias, sem prisões. O que precisamos discutir é que tipo de polícia precisamos e que tipo de prisão é necessária”, explicou.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Ciências podem ajudar na Segurança Pública
08:49
PSB Paraíba