Sob esse título, o texto que reproduzo adiante é do jornalista Nonato Bandeira, coordenador da pré-campanha do ex-prefeito Ricardo Coutinho (PSB) ao Governo do Estado, em réplica ao secretário Francisco Sarmento, de Recursos Hídricos do Estado, que ocupou este mesmo espaço no último sábado. Os dois trocaram farpas e estocadas semana passada, após o jornalista denunciar que obras como a do Centro de Convenções da Capital estariam paralisadas e o Governo do Estado, fazendo propaganda enganosa. Em carta à coluna, o secretário disse que justamente as obras do Centro de Convenções “servem como melhor exemplo para aquilatar a falácia perpetrada em desfavor da boa informação para todos”.
Vejamos agora o que diz Bandeira sobre essa e outras afirmações de Sarmento.
Caro jornalista Rubens Nóbrega, o Governo do Estado teve várias oportunidades para provar que eu estava errado quando afirmei, munido de fotografias atuais e de publicidade do próprio Maranhão III, que a Paraíba foi inundada por um festival de promessas não cumpridas e de propaganda enganosa escancarada nas TVs, rádios, portais, jornais e revistas. O secretário Francisco Sarmento, em carta à sua coluna, desperdiçou mais uma oportunidade. Tal e qual Serginho Chulapa fez na Copa de 82, chutando pra fora na cara do gol, quando perdíamos – como perdemos – para a Itália.
O secretário Sarmento seguiu o mesmo script montado pelo Governo, que designou outros secretários, alguns vereadores, deputados e ex-deputados, colegas jornalistas e um de seus publicitários para, simplesmente, me atacar e desancar o pré-candidato a governador Ricardo Coutinho (PSB). Em vez de impropérios contra a gente, o Palácio teria um caminho mais fácil para nos desmentir e até desmoralizar. Era só mostrar que as obras prometidas, muitas delas veiculadas em propagandas como existentes ou prestes a serem inauguradas, são de fato reais ou, no mínimo, existem projetos prontos e dinheiro para executá-las.
A primeira prova de que tudo que afirmei estava correto foi o circo armado no terreno onde já deveria estar pronto o Centro de Convenções, prometido e veiculado na mídia oficial desde o início da atual gestão para ser inaugurado agora em junho. Você ou algum dos seus leitores já entrou no Centro de Convenções? Lembro que Ricardo Coutinho construiu a Estação Ciências em 11 meses. Sem prometer coisa alguma.
Outra falácia do governo é o tal Porto das Águas Profundas, em Cabedelo, projeto modernoso de R$ 3 bilhões. Não seria mais prudente reformar o atual porto de Cabedelo do que partir para mais esse delírio de quem perdeu a noção do ridículo?
Na seqüência dos projetos alucinógenos, sem dinheiro em caixa, mas com muita propaganda na mídia (de outubro até agora já foram gastos mais de R$ 50 milhões em publicidade), o Governo prometeu gastar mais R$ 3 bilhões para viabilizar o “metrô de superfície”, interligando toda a região metropolitana de João Pessoa. Como prova do projeto exibiu um modelo vindo de Londres. Não conseguiu sequer reformar o Terminal Rodoviário da Capital, o que custaria menos de R$ 500 mil. E foi prometido. Ora, se não cumprem o roteiro de uma viagem a Santa Rita como querem que a gente acredite em uma viagem à lua?
Considerando que só de empréstimos para o povo da Paraíba pagar o Governo já tomou R$ 1 bilhão, somando esses dois mega-projetos ainda faltariam R$ 5 bilhões, ou seja, o orçamento de toda a Prefeitura de João Pessoa durante os cinco anos da gestão de Ricardo Coutinho. Gestão onde foram construídas obras (reais, não fictícias) como a Estação Ciência, oito escolas, 50 praças, alças da Beira-Rio, ampliação da Pedro II e Retão de Manaíra, 5 mil casas populares, 18 milhões para o Empreender-JP, dois novos hospitais, 64 PSFs, novos Mercado Central, do Peixe, do Valentina e do Bessa, Feirinha de Tambaú, Integração dos ônibus, Centro do Comércio do Varadouro, 15 creches, mais de 500 ruas pavimentadas, além de quilômetros de iluminação e esgotamento sanitário.
Tudo que citei é real. Documentado e comprovado. Basta andar nas ruas de João Pessoa. Secretário de Comunicação de Ricardo, só divulguei aquilo que estava pronto para funcionar. Bem diferente, por exemplo, da pomposa “Via Jaguaribe”, com um superviaduto cortando a Epitácio, anunciado pelo Palácio em setembro de 2009, embora não tenha dinheiro e sequer enviou o projeto executivo para a Prefeitura. Arranjaram uma licitação às pressas depois que mostrei “as tais fotografias”, como diria Caetano Veloso ao citar a pequenina Paraíba em “Terra”.
O que dizer, então, da ‘conclusão’ da ponte do Boi Morto, em Aparecida, que envergonha pelo descaso o nosso bravo povo sertanejo? Não existe ponte nenhuma, o boi continua morto e a vaca desse governo vai pro brejo. E lá no Brejo paraibano a população aguarda ansiosamente as dezenas de escolas prometidas pelo atual Governo, em um investimento de mais R$ 1 bilhão (vá somando), conforme anunciou na página 19 da revista ‘Paraíba da Gente’, editada por esse mesmo governo em agosto de 2009. Até hoje, nenhuma entregue. Aliás, não construiu uma única sala de aula.
Se você pensa que o governo da fantasia parou por aí o festival de promessas vai se surpreender com a garantia dada pelo próprio governador de construir e reformar 36 hospitais. Na verdade, tomou dois, um de Catolé e outro de Pombal, coincidentemente cidades administradas por prefeitos que não apóiam seu projeto de reeleição. Mas isso é outra faceta deste Governo que não vamos abordar agora nem o espaço caberia, tantos os relatos de perseguição e mesquinhez política.
Já em matéria de moradia popular, o governo se superou. Primeiro, em outdoor gigante, prometeu 65 mil casas; depois, baixou para 50 mil. No começo do ano rebaixou para 25 mil casas até o final da gestão. Entregou até agora apenas 177 casas. Nenhuma na Capital, a maior cidade paraibana. Com essa e outras, poderia fazer uma lista enorme do festival alucinógeno de propagandas e promessas, mas, só para encerrar, lembro a duplicação da BR-230 de Campina Grande até Cajazeiras. Enquanto isso, uma simples estrada ligando Areia a Pilões, como outras dezenas, prometeu e ainda não iniciou.
Se o governo e seus secretários trocarem acusações pessoais e desesperadas pelo debate de idéias, desafio o valente secretário Sarmento ou qualquer integrante do staff maranhista. Se provarem que estou mentindo, deixo hoje mesmo a pré-campanha de Ricardo Coutinho e passo o resto dos meus dias em um mosteiro no Tibet. Do contrário, eu só peço que pelo bem da Paraíba façam promessas possíveis de cumprimento, elaborem os projetos das obras, consigam recursos para executá-las e, em respeito à lei e à cidadania, só divulguem uma obra depois dela pronta.
(Originalmente publicado na Coluna de Rubens Nóbrega)