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terça-feira, 1 de junho de 2010

A Política da Pedagogia da Leitura: construção de caminhos libertários


Dimas Lucena*

Diversos estudos e pesquisas apontam o fenômeno da leitura como uma das principais lacunas do nosso sistema educacional. Ressaltamos que a leitura é uma base fundamental de todo processo ensino-aprendizagem, é uma porta de entrada para o acesso ao conhecimento produzido pela humanidade. A sua ausência fratura esse acesso e implica em fragilização de uma cidadania, necessariamente, ativa e transformadora. Inúmeros pesquisadores investigam acerca dos processos da Pedagogia da Leitura no universo escolar, ou das formas de leitura que os alunos desenvolvem.

Essa dimensão pedagógica é essencial para a superação do Analfabetismo Funcional, aquele em que as pessoas, mesmo com escolaridade, lêem, mas não compreendem o que lêem. Sobretudo não conseguem fazer uma aplicação social do conteúdo lido. É mister compreender que a leitura não é um ato mecânico, padronizado, programado para o aluno reter informações, sem conferir sentido ao que lê e sem aplicar o conteúdo apreendido à realidade do seu dia-a-dia, ou seja, sem uma contextualização.

Além da importância da contextualização dos textos o Professor precisa conhecer o universo vocabular e existencial dos alunos, isso possibilitará motivação e uma leitura crítica do mundo do aluno, foi nesse sentido que o Mestre Paulo Freire disse que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Os programas de alfabetização deveriam partir desse universo pessoal. Conhecendo o mundo, os sonhos, as dificuldades e os anseios dos seus alunos, o professor pode melhor interagir e criar condições pedagógicas favoráveis para o fortalecimento do processo ensino-aprendizagem.

A leitura não pode ser submissa, o leitor não pode ser submisso ao texto, mas pensá-lo, “rasgá-lo”, acrescentá-lo, retirá-lo partes, reinventá-lo. Outra questão fundamental é não levar os alunos a leituras superficiais, mas criar espaços e mecanismos para leituras densas, críticas e reflexivas No entanto, há professores que ensinam aos alunos a não penetrarem na intimidade dos livros, no âmago dos textos, evitando discuti-los dialogicamente.

A Educação necessita ser construída através de relações dialógicas. É fundamental que saibamos valorizar a cultura em que nosso aluno está inserido, partindo dessa cultura, e procurando aprofundar seus conhecimentos, para que construa o processo permanente do seu crescimento pessoal e da sua libertação. Nessa concepção pedagógica, a leitura não deve ser construída mecanicamente, mas ser desafiadora, que nos ajude a pensar e analisar a realidade em que vivemos. Para ser desafiadora e instigante a leitura deve partir da realidade, da linguagem, dos interesses e dos conhecimentos do aluno.

É preciso um projeto político-pedagógico coerente de todo o trabalho desenvolvido no universo escolar em torno da leitura. Todo professor, não só o de Língua Portuguesa, é também professor de leitura. A leitura perpassa e amálgama todas as disciplinas, artes e ciências. Levando em conta o grau de independência do aluno, o professor de qualquer disciplina pode selecionar situações didáticas adequadas que permitam ao aluno, ora exercitar-se na leitura de textos para as quais já tenha construído uma competência, ora empenhar-se no desenvolvimento de novas estratégias para poder ler textos menos familiares, o que demandará maior diálogo do professor.

O Estado precisa desenvolver políticas de alfabetização que construam necessariamente a compreensão crítica da leitura e a criação de espaços e oportunidades para que ela seja cultivada em todos os níveis educacionais. No entanto, o Estado da Paraíba, em relação à Educação atua desconectado das reais necessidades educacionais da sociedade, tanto que muitos dos nossos indicadores estão entre os piores do país. É fundamental que nosso Estado tenha o foco de uma política educacional de formação de leitores. Para tanto, deve desenvolver ações, desde o fornecimento de livros para a população e criação de bibliotecas em TODAS as escolas públicas, até a educação continuada também no âmbito de uma Pedagogia da Leitura, envolvendo toda a comunidade escolar, incluindo professores, alunos, funcionários e pais.

Precisamos de uma Pedagogia da Leitura que revele importância e a possibilidade de construir leitores críticos das palavras e do mundo. Isso através de uma Educação que estimule a solidariedade, que dê valor à ajuda mútua, que desenvolva o espírito crítico e a criatividade; uma Educação que incentive o educando, unindo a prática e a teoria, com uma política educacional libertária, condizente com os interesses e necessidades dos explorados e oprimidos da nossa sociedade.

* Dimas Lucena de Oliveira é Professor da UFPB, Psicólogo, Especialista, Mestre e Doutor em Educação. Foi Presidente da Associação dos Psicólogos da Paraíba, um dos fundadores e o primeiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Paraíba, além de membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores de Estabelecimento de Ensino Privado da Paraíba. Produziu diversos ensaios acadêmicos e é autor de cinco livros publicados

Publicado originalmente em www.paraibaja.com.br

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